Castanhas do Pará. Só duas por dia? Por que? Por @laranesteruk

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Estamos escassos de profissionais que fogem o padrão, mas com responsabilidade, com embasamento prático e científico.

Felizmente ainda temos alguns poucos profissionais acima da média e que possuem este perfil e um dos que temos grande admiração é a Nutricionista, especializada em Fisiologia do Exercício, Lara Nesteruk.

Com a devida aprovação, Lara nos autorizou a publicar em nosso blog, alguns de seus textos que são extremamente ricos em informação e conteúdo. Recentemente ela escreveu em seu instagram (@laranesteruk) um texto super esclarecedor sobre o mito da Castanha do Pará e gostaríamos de dividir com vocês.

SÓ DUAS POR DIA? POR QUE?

"De novo aquela coisa que me deixa confusa: Há medo de comer muitas coisas, inclusive muitas castanhas do Pará, que segundo alguns Nutricionistas isto seria perigoso pelo "excesso de selênio", mas ninguém tem medo de tomar muita cerveja (até porque dá uma coragem, né? rsrs), ou comer muito biscoito recheado etc!

Vamos lá: Existem poucos estudos sobre a concentração de Selênio nestas oleaginosas levando em conta a variação natural dependente da região de cultivo (do meu conhecimento cinco apenas - Guiana, Venezuela, Brasil, Colômbia e Peru), a pergunta na verdade é: Quanto é muito? Já que estes diferentes trabalhos encontram diferentes concentrações.

Um estudo conduzido com índios Tapajós, que tem consumo altíssimo das bonitinhas e conseqüentemente uma alta concentração sanguínea do mineral mostrou ausência de qualquer sinal de toxidade, pelo contrario, viu associação positiva do consumo com acuidade visual, capacidade neuromotora e caixa incidência de catarata relacionada a idade. isso em momento algum significa que você deva sair comendo baldes! O fato da segurança de uma ingestão alta de um mineral acontecer para uma certa população não quer dizer que o mesmo valha para você! Fatores epigenéticos podem mudar completamente a função desta quantidade de Selênio no organismo.

Estudos rasos e especulações fala até da relação entre este alto conteúdo sanguíneo e resistência à insulina e Diabetes!

Em resumo: Não há evidências suficiente para sabermos se existe excesso de selênio em duas ou dez castanhas do Pará, já que estas quantidades podem variar de acordo com a região e há dados inconclusivos sobre o que realmente representaria risco de toxicidade. Então como ficamos? Ficamos como sempre, sem ter medo de comida natural, mas SEMPRE, comendo qualquer uma delas com parcimônia! Não há nada, absolutamente NADA "liberado" tudo deve ser comido com consciencia, não precisa ter medo a ponto de comer APENAS DUAS POR DIA, mas não precisa chutar o balde e comer 200".

Lara Nesteruk

Adicionalmente, a equipe BodyDream gostaria de acrescentar que outro estudo da USP, que ganhou o prêmio Jovem Cientista do CNPq em 2015, também comprovou efeitos benéficos do selênio, nesse caso, contra o mal de Alzheimer.

Por fim, para preconizar as quantidades a serem ingeridas, além da quantidade do mineral presente no alimento, é importante saber o percentual de aproveitamento da substância no organismo ou a quantidade que o corpo é capaz de absorver dele, isto é o que chamamos de biodisponibilidade do selênio.

 


Fonte: https://www.embrapa.br/